quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Uma barata chamada Ween

Uma das minhas bandas preferidas é o Ween.

Uma dupla de irmãos (fictícia - na verdade, eles não têm nenhuma parentesco) que compõem juntos desde os 14 anos de idade e lançaram os discos que têm a maior diversidade de
estilos que este mundo já ouviu - ou deixou de ouvir. Nos primeiros álbuns, Gente e Dean Ween usavam baterias pré-gravadas tosquíssimas como base e acompanhavam com guitarra e baixo. Os vocais eram distorcidos e as letras versavam sobre os mais bizarros assuntos, desde piolhos até mononucleose. Claro que também havia espaço para canções de amor, como a ingênua "Don't Laugh (I Love You)" e a romântica "She Fucks Me".

Com o tempo, a banda foi amadurecendo - que termo bem xarope, né? - e os dois álbuns mais recentes dos caras, "White Pepper" e "Quebec", mostraram-se um pouco mais "sérios". Com o lançamento de "La Cucaracha", o Ween parece ter chutado o balde e assumido o seu lado debochado e despretensioso novamente. O resultado é um álbum bastante divertido, onde clichés são usados como suporte para criar músicas originais.

O disco abre com a instrumental "Fiesta", que parece a trilha de abertura de um seriado que conta a história de um mexicano que resolve se aventurar em Las Vegas. Um excelente começo! A segunda faixa talvez não tenha sido a melhor escolha para seguir o agito de "Fiesta", pois "Blue Baloon" dá uma quebradinha e baixa o ritmo em um rockzinho com uma sonoridade bem clássica da banda, uma levada simpática e até meio boba, com efeitos bizarros de teclado e dedilhados de guitarra limpinhos. A terceira faixa foi a primeira música escolhida para representar o disco. Em julho, "Friends" havia sido lançada em um EP junto com outras 4 faixas inéditas para dar um gostinho do que viria por aí. É uma música especialmente inusitada, pois é um eurodance anos 90. Sim, um dance 90! É inacreditável e certamente pegou muito fã de surpresa. Me pegou completamente de surpresa! Mas como sou um simpatizante do gênero - pois acho que não tem música bagaceira com a dos 90 -, achei o resultado divertidíssimo! Tudo o que foi feito de melhor e pior dos anos 90 merece respeito. Pois bem, uma das palavras mais usadas pelo Ween em suas canções é "friends" e, nesta canção, eles resolveram se puxar: "A friend is a friend who know what being a friend is". Completamente retardado!

Dois gêneros musicais reincidentes da banda estão presentes também em "La Cucaracha": o bom e velho country do Ween aparece em "Learnin' to Love", com um solo eletrônico maluco cheio de vocais sintetizados, e o reggae ganha seu espaço em "The Fruit Man". Dean Ween, o guitarrista, assume os vocais na pesada "With My Own Bare Hands", mostrando o lado mais agressivo da banda. Em "Sweetheart", ele retorna ao microfone com um rock que poderia estar num disco do Eric Clapton - com uma letra menos pornográfica, é claro. "Shamemaker" é uma das faixas mais bacaninhas, um punkzinho com sotaque inglês que imagino que vá ser uma das queridinhas do público nos shows ao vivo. Mas o grande destaque mesmo fica para a última faixa, "Your Party", um clássico instantâneo, com saxofones a la "Careless Whisper" e cantada por um marido que agradece - junto à sua esposa - a maravilhosa festa dada por um amigo. Não é uma festa comum, não, preste atenção na letra... É daquelas que o diabo gosta! Assim como esse álbum. Convidem os vizinhos, aumentem o volume e caiam na fiesta!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Meu manifesto

Eu sou Lúcifer. Tenho vários nomes e apelidos, mas eu gosto mesmo é que me chamem de Lúcifer.

Por séculos, garanto que o mal perdure na Terra e, verdade seja dita, sem o meu trabalho, vocês não valorizariam nada de bom que vocês têm. Pois bem, sempre preferi fazer meu serviço de longe, nunca dei bola para todo desprezo que a humanidade tem por meu trabalho. Mas tem algo que vem me incomodando há anos e hoje decidi acabar de vez com isso.

O fato é que cansei desse papo de "música do demônio". Estou farto de espalharem por aí que sou o pai do rock - Elvis fez o serviço, eu só ensinei pra ele o rebolado. Não me entendam mal, adoro rock, mas meu gosto musical é muito mais vasto. Quem vocês acham que criou a música? O barbudo de camisola? Pois não foi! Fui eu! E é meu maior orgulho. Venho prestando atenção nas manifestações musicais que surgiram por aqui desde então e - acreditem! - não me interesso apenas pelo o que é barulhento e nefasto. Gosto também de belas melodias, de bom humor e de música brasileira. Surpresos? Então preparem seus ouvidos para conhecer tudo o que rola no Gramophone de Lúcifer.