quinta-feira, 27 de março de 2008

O Red Snapper está de volta!

Um dos grupos mais quentes do chamado future jazz anunciou a sua volta para este ano!

Os ingleses do Red Snapper disponibilizaram duas novas faixas no seu MySpace, "Brickred" e "Wanga Doll", mostrando que vão adicionar mais um grande álbum de jazz contemporâneo à sua impecável discografia.

Pra comemorar a volta dos caras, fiz uma seleção com os 10 singles da banda em ordem de lançamento. Pra quem curte e quem ainda não conhece, aqui vai a coletânea Red Note.

quarta-feira, 12 de março de 2008

The Jazz Devil is back!

Barry Adamson é o jazzista mais cool deste planeta!

O cara iniciou a carreira tocando baixo no Magazine (os pais do pós-punk - ainda escreverei sobre eles aqui) e no Bad Seeds. Depois seguiu para uma carreira solo que aproximou o jazz de gêneros mais populares, como o rock, o pop e o hip hop. Apaixonado por cinema, Barry sempre teve uma relação próxima com trilhas sonoras, então podemos freqüentemente perceber sonoridades ambientais típicas do cinema nas suas canções. Sem falar nas altas doses de sensualidade das guitarrinhas wah-wah espalhadas pelas suas faixas mais funkeadas.

No dia 31 de março, ele lança o seu mais novo álbum "Back to the Cat". Depois de um disco um pouco sem foco ("Stranger on the Sofa"), Barry volta a explorar o seu lado mais jazzístico e funky, mas sem deixar de lado seu gosto pela música contemporânea, mantendo os seus toques eletrônicos e o seu pezinho no rock.

A volta ao suingue é muito benvinda, produzindo pérolas como "The Beaten Side of Town" e "Civilization". As faixas instrumentais, como sempre, estão caprichadíssimas, com destaque para "Shadow of Death Hotel", uma das melhores músicas do disco. "Walk on Fire" é outra das minhas preferidas: guitarrinha funky, batida safada e um excelente refrão que fica na cabeça. Um possível single. O primeiro single, aliás, é um jazz-rock com ecos de Violent Femmes intitulado "Spend a Little Time" e pode ser baixado de graça no last.fm. Outra que implora pra ser single - e provavelmente vai conseguir - é "Straight 'Til Sunrise", um jazzinho-pop que evoca melodias de Burt Bacharach.

O novo disco tá nota dez e pode ser conferido na íntegra no last.fm, então corre lá: http://www.lastfm.com.br/music/Barry+Adamson/Back+to+the+Cat

terça-feira, 11 de março de 2008

Lúcifer ama dEUS

Oquei, eu passo dias infernais escutando brincadeirinhas a respeito disso... Mas enfim, tirem sarro o quanto quiserem, mas a verdade é que eu adoro dEUS - os belgas, não o barbudo de camisola.

Pois os caras resolveram presentear os amigos da banda no MySpace com um download exclusivo do clipe de um dos singles do novo álbum dos caras, "Vantage Point", que sai oficialmente no dia 21 de abril na Europa. A música se chama "Slow" e conta com a participação da vocalista da banda The Knife, a Karin Dreijer Andersson. O clipe mostra a banda tocando no estúdio onde gravaram o disco enquanto Karin anda pelas ruas com uma gangue de garotas cantando as partes femininas - delícia!

Como se não bastasse, no site oficial dos caras (www.deus.be) você pode ouvir o outro single de "Vantage Point", intitulado "The Architect". A música é uma mistura de Kraftwerk com Clash em uma melodia irresistivelmente dançante. Esse single será o primeiro a sair na Bélgica, enquanto "Slow" será lançado no resto do mundo.

Dando uma vasculhada no site do dEUS, em "Video/Audio", você pode ainda assistir o vocalista Tom Barman ajoelhado no chão do estúdio gravando a faixa "Oh Your God". Com vocais discursados e um refrão melódico que culmina com um grito de "OH YOUR GOD!!".

As três músicas são muito fortes e mostram que os caras não estão pra brincadeira e vão certamente lançar um dos melhores álbuns do ano. Anota o que eu tô dizendo. E corre pra ver "Slow" no YouTube e as outras duas no site oficial.

Ah, dá uma olhada na lista de músicas que compõem "Vantage Point":

01. When She Comes Down
02. Oh Your God
03. Eternal Woman
04. Favourite Game
05. Slow
06. The Architect
07. Is A Robot
08. Smokers Reflect
09. The Vanishing of Maria Schneider
10. Popular Culture

Mike Patton nos leva a um lugar perfeito

Mike Patton é um inquieto por natureza. Está sempre envolvido com 301 projetos ao mesmo tempo e só assim o garoto consegue ficar feliz. Depois de assistir um show dele em Modena, na Itália, onde ele apresentou-se com o Mondo Cane interpretando velhos clássicos da música italiana, achei que ia ser bem difícil ele se superar neste ano. Mas errei feio. Não é que o canastra me lança uma trilha sonora para um curta-metragem que é de fuder a mente?

“A Perfect Place” é uma trilha construída bem aos moldes dos antigos compositores do gênero. Ou seja, existe uma melodia básica que permeia todas as canções do disco nos mais diversos estilos. A versão calminha, a versão aterrorizante, a versão “e aí o cara morre”, a versão “perseguição de carros”... E Patton caprichou na melodia e eu me pego andando pelas grotas do Inferno assobiando a maldita melodia!

Todos sabíamos que o Miguel ia acabar entrando no mundo das trilhas, estava no caminho no moço. Mas que ele ia chegar assim atropelando... Tsc, tsc. O álbum é basicamente um disco de jazz, com muitos experimentalismos, faixas instrumentais e três com vocal. Uma delas é em italiano, “Il Cupo Dolore”, super dramática, de fazer a sua vó chorar. O jazzinho “A Dream of Roses” é perfeita para tocar em gramophones, o que me deixou muito feliz. Mas a canção que não sai do meu aparelho é a rebolante “A Perfect Twist (Vocal)”, daquelas que fazem a gente levantar do trono para voltar a faixa no LP dez vezes seguidas. A letra é um show a parte: um torturador conversa com sua vítima, tentando fazê-la confessar uma verdade, mas sabendo que ela nunca vai ceder. E há uma troca quase sexual entre os dois, que ficam nesse joguinho durante toda a melodia safada da canção.

Parem de ler o blog e vão atrás desse álbum agora mesmo!

Desde já, um dos discos do ano!

Trent Reznor, o caçador de fantasmas

Quando eu fiquei sabendo, no ano passado, que o contrato de Trent Reznor com a sua gravadora estava terminando, fiquei pra lá de feliz! O que uma criatura como ele poderia fazer sem corrente alguma? Tudo! Até mesmo um álbum instrumental quádruplo com 36 faixas!

Com uma hora e 50 minutos de duração, "Ghosts I-IV" é o primeiro lançamento de Reznor em sua independência. Nada comercial, o disco é dividido em quatro partes e as músicas não têm nomes diferenciados, ou seja, todas as faixas do "Ghost I" se chamam "Ghost I" e por aí vai. O primeiro "Ghost" pode ser baixado de graça na internet diretamente do site do Nine Inch Nails. Claro que o cara também tem conta de luz para pagar, então existem outras formas de se obter o álbum completo, mais caras e mais cheias de apetrechos, como a versão ultra-deluxe (já esgotada!), que vinha com vinis, CDs e um livro de fotos caprichadíssimas para acompanhar a audição, tudo por apenas... U$ 300! É, como eu disse, Trent também tem contas, meus amigos, e a mansão do moço tem certamente mais lustres que o seu apartamento alugado. :P Mas enfim, tem também a versão deluxe por U$ 75 (4 CDs + livro), a 2xCDset (2CDs com todas as músicas + livreto de CD) e o download de todas as 36 faixas por apenas U$ 5. Ou você pode baixar inteiramente de graça pelo Soulseek, sejamos francos, essa também é uma opção. E o Trent sabe.

Mas vamos ao disco! "Ghosts I-IV" é um disco muito bacana, onde escutamos Reznor experimentando com a parafernália de seu estúdio para produzir as diversas sonoridas. Soa exatamente assim: como um experimento, um músico explorando possibilidades. Alternando momentos calmos com outros mais barulhentos e agitados, o álbum entretem, mas deixa a desejar em alguns aspectos. Um deles é o fato de que um disco de quase duas horas cansa, em especial um instrumental. Outro aspecto, que também tem a ver com isso, é a sonoridade entre os quatro discos não mudar tanto assim. Não existe distinção perceptível entre os quatro "fantasmas", todos têm mais ou menos o mesmo clima. E, no fim das contas, apesar de ser um bom disco, ele não instiga o ouvinte a voltar a escutá-lo tantas vezes. Creio que isso não aconteceria se ele tivesse uma menor duração ou uma maior distinção entre as quatro partes. Mas mesmo assim, não se enganem, o disco vale ser conferido. Escolha sua forma de botar as mãos nessa coleção e... agulha no prato!

Bom, negócio é que Trent está à solta e certamente este é só o começo de muitas viagens insanas.

O lado feio do Portishead

O novo álbum do Portishead tem um começo BEM estranho. Uma voz, em português, prega:

"Esteja alerta para as regras dos três
O que você dá retornará pra você
Essa lição você tem que aprender
Você só ganha o que você merece"

Meu primeiro pensamento: "Isso é mais um fake". Durante os onze anos de silêncio do Portishead, mais de uma vez ouvia-se dizer que tinha finalmente saído um disco novo e, invariavelmente, era uma farsa. Mas dessa vez, não é. Quando a voz de Beth Gibbons entra na primeira faixa - apropriadamente intitulada "Silence"-, não adianta, é inconfundível e você tem certeza que está enfim escutando uma novidade da banda. E quando eu digo "novidade", eu realmente quero dizer
novidade.

O disco não é nada do trip hop agradável, trilha sonora de janta com amigos, que você espera. As músicas são bizarras! É a maior felicidade aqui embaixo, tá todo mundo escutando. Mas na Terra, acho que narizes vão torcer. Oquei, o Portishead sempre foi meio soturno e deprê, mas não é disso que estou falando. As novas faixas são realmente esquisitas, com boas doses de experimentalismo, difíceis de absorver nas primeiras ouvidas. Algumas, como "The Rip" e "Deep Water" surgem no meio para servir de travesseiro, dar um certo conforto em meio às bizarrices de músicas como "Plastic" - com vocais chorosos, acordes sujos de guitarra e um efeitinho que parece que tem alguém batendo incessantemente na porta - e "We Carry On", uma world music do inferno feita tanto para pistas de dança como salas de tortura, com um sonzinho agudo que costura a melodia e frita o cérebro dos vizinhos mais conservadores.

Os caras realmente surpreenderam e eu acho que o resultado é um disco interessantíssimo, que os seus ouvidos vão estranhar bastante nas primeiras vezes, mas o seu cérebro vai insistir em pedir por mais e você não terá saída a não ser ceder à tentação. Bem como eu gosto!...